Como Estudar (Parte 4)

07/07/2011 11:54

O material de estudo

Todo estudante é um construtor do seu conhecimento. Para que a construção seja bem sucedida e resulte em algo durável e proveitoso é preciso tomar alguns cuidados quanto ao material de estudo, aquele que será utilizado para construir o conhecimento.

O melhor material para estudo é aquele que foi indicado pelo seu professor e/ou que está disponível na biblioteca de sua escola ou faculdade. Contudo, você também pode e deve ter a iniciativa de sair em busca de outros materiais e escolher os mais adequados às suas necessidades.

Nesta quarta parte da série Como Estudar, vamos analisar alguns tipos de materiais “disponíveis no mercado”: livros; textos da internet; materiais diversos sugeridos por colegas, amigos ou familiares; aula gravada; apresentações (slides); anotações feitas em sala pelo próprio aluno ou por colegas; questionários.

Um dos materiais preferidos pelos estudantes são as apresentações (slides) das aulas do professor. As vantagens desse tipo de material são as seguintes: facilidade de aquisição e custo mínimo ou ausente, segurança e confiabilidade (a fonte das informações foi o próprio professor), garantia (afinal, o professor não poderá cobrar algo diferente daquilo que ele mesmo apresentou).

Quando usados como material de apresentação, os slides orientam o apresentador em sua explanação, ganham a atenção do público, envolvendo-o com a temática exposta. Contudo, quando são utilizados como material de estudo, os slides apresentam grandes desvantagens. A principal delas é que seu uso prejudica a construção do conhecimento, pois desestimula o raciocínio e a capacidade de pensar, interpretar, criar e de desenvolver o entendimento e a aplicação dos conteúdos. Os slides incentivam o aluno a se prender aos tópicos apresentados, perdendo assim a oportunidade de crescimento. Os slides limitam a oportunidade de ampliação do conhecimento.

E o que dizer da aula gravada em sala durante a explanação do professor?

Uma de suas vantagens é o acesso a “todas as informações” apresentadas pelo professor durante a aula. A grande desvantagem é que a aula gravada nem sempre é fidedigna àquilo que realmente foi mencionado pelo docente. Muitas vezes, o áudio não é de boa qualidade ou a pronúncia de certas palavras não parece clara, o que faz com que o responsável pela transcrição simplesmente escreva as palavras do jeito que as entendeu, comprometendo assim o sentido daquilo que foi apresentado. Outra desvantagem da aula gravada é que ela contém apenas informações e não o conhecimento, o qual tem de ser construído através da leitura e da interpretação, por meio de debates e questionamentos, através da análise e aplicação dos conceitos estudados. Da mesma forma que os slides, a aula gravada não incentiva a construção do conhecimento, pois estimula a passividade do estudante. Em geral, os alunos que estudam por esse tipo de material têm a tendência de se acomodar, supervalorizando as informações da aula gravada, pois, para muitos, elas representam “tudo o que o professor falou e tudo o que ele poderá cobrar nas avaliações”. Além da desvantagem de que alguns terão de passar um bom tempo transcrevendo a aula, tempo esse que poderia ser utilizado para a leitura e interpretação de textos referentes ao assunto, o que seria bem mais proveitoso.

Em contrapartida, os livros constituem um excelente material para a construção do conhecimento. A leitura de livros permite ao aluno o encontro com diferentes autores e diferentes maneiras de apresentação de um mesmo conteúdo, o que favorece o entendimento e a compreensão e estimula a fixação e ampliação dos conceitos apresentados em sala. Alguns livros são verdadeiros guias de estudo, que apresentam passo a passo o caminho da consolidação e aplicação dos conceitos. Para muitos estudantes, contudo, os livros sugeridos pelo professor parecem complicados e de difícil compreensão, e assim, eles preferem utilizar outros materiais que lhes parecem mais fáceis.

É natural que o primeiro contato com novos autores de uma nova disciplina crie a impressão de que os livros são de difícil compreensão. Vale salientar, porém, que o caminho do aprendizado não é fácil. A persistência na leitura dos livros desenvolverá o raciocínio e a capacidade de compreensão, de forma que aquilo que a princípio parecia difícil, em pouco a pouco se tornará bem mais acessível.

Muitos estudantes também reclamam da dificuldade de acesso aos livros, seja pelo custo, seja pela indisponibilidade de exemplares dos autores preferidos nas bibliotecas. Diante disso, muitos recorrem aos textos disponíveis na internet. Além da praticidade e custo reduzido, esses textos oferecem ao aluno a oportunidade de ter um encontro com uma grande diversidade de autores, o que seria inviável de outra maneira. Porém, é necessário tomar alguns cuidados com esse tipo de material de estudo. Muitas vezes, os textos disponíveis na internet não foram preparados por pessoas capacitadas para tal fim e contém informações reduzidas, confusas e até mesmo equivocadas.

É importante que ao encontrar algum texto na internet, antes de usá-lo como material de estudo, o aluno procure saber a opinião do professor da disciplina a esse respeito. As mesmas observações também se aplicam a materiais diversos sugeridos por colegas, amigos e familiares.

Quanto às anotações feitas em sala pelo próprio aluno ou por colegas, elas são muito úteis como guia de estudo, porém não devem ser usadas como fonte exclusiva de consulta. Além disso, é importante comparar estas anotações com os conteúdos encontrados nos livros. Muitas vezes as anotações são feitas apressadamente e podem conter equívocos.

Alguns alunos costumam estudar através de questionários. Consideramos que a melhor aplicação do questionário é utilizá-lo como ferramenta de revisão e de autoavaliação. O uso do questionário como material de estudo apresenta as mesmas desvantagens dos slides e da aula gravada.

Os roteiros de estudo também são muito úteis para a construção do conhecimento, pois orientam o aluno, indicando os conteúdos a serem estudados e destacados. Os roteiros devem ser fornecidos pelo próprio professor e ampliados pelo aluno durante a aula e a leitura dos livros. Os principais componentes de um roteiro são: objetivos e detalhamento dos conteúdos a serem estudados. Pode conter também dicas e sugestões de leitura e de autoavaliação.

Finalizando, vamos sugerir alguns critérios que devem ser levados em consideração na hora de escolher o material de estudo. Pergunte a si mesmo:

  • Este material é confiável?
  • O material está de acordo com o a proposta de aprendizagem indicada pelo professor, ou seja, o material está completo e contempla satisfatoriamente os conteúdos apresentados?
  • O material é compatível com minha realidade, ou seja, com o tempo de que disponho para o estudo e com o meu nível de conhecimento atual?
  • Eu me identifico com o autor?
  • O material estimula a minha capacidade de raciocínio e de aplicação do conteúdo para a resolução de problemas, conflitos e questões ou vai me incentivar apenas a “decorar cegamente” os conceitos?

Através de nossa própria experiência, pudemos concluir que a combinação de roteiros de estudo, anotações feitas em sala pelo próprio aluno, textos avulsos confiáveis e livros (pelo menos dois autores diferentes), representa um excelente “kit de material” para construção do conhecimento.

Contudo, não basta apenas ter um excelente material em mãos, é preciso conhecer as melhores técnicas para sua utilização. Na quinta parte desta série estaremos dando algumas dicas de como tornar sua leitura mais eficiente.

(Delanie Velázquez)