Uma Mensagem de Natal Diferente

É Natal. Nossos olhos se deslumbram com o brilho das luzes, cores e enfeites. Nossos ouvidos se encantam com a ternura das canções. Nosso coração é tocado pelos gestos de solidariedade e pelas singelas mensagens de Boas Festas.

Nos últimos dias recebi muitas mensagens natalinas. Apreciei cada uma. Todas eram muito bonitas e envolventes. Tenho percebido que a maioria dessas mensagens procura chamar a atenção para a importância de não se deixar envolver pelo brilho das luzes, das festas, dos presentes e dos símbolos natalinos, de tal modo que o verdadeiro significado do Natal seja esquecido, que é o nascimento de Jesus. Outras mensagens destacam a necessidade de se colocar em prática os ensinamentos de Jesus e deixá-lo nascer em nosso coração a cada dia. Desse modo, as alegrias dessa data irão se perpetuar por todos os dias do novo ano.

Sempre apreciei as mensagens, as luzes e as canções natalinas, bem como os sentimentos de amor e solidariedade que tomam conta das pessoas. Esse ano, porém, passei a olhar o Natal, ou melhor, o nascimento de Jesus, por um prisma diferente. Embora comemorar Natal ou não, e o modo como se comemora, seja algo bem pessoal, percebo que há uma mensagem sem igual, surpreendente, provocante e até polêmica acerca deste nascimento.

Para mim, o nascimento de Jesus significa a quebra de paradigmas, tanto naquele tempo como nos dias atuais. Naquele tempo, os judeus esperavam um Cristo que viria como um poderoso rei que conquistaria os romanos. No entanto, Jesus nasceu de forma humilde e mostrou que o reino que ele viera estabelecer não se destacaria pela demonstração de força física, intelectual ou poderio militar. Seu reino seria estabelecido dentro de cada pessoa, daquelas que o aceitassem. Isso causou uma tremenda polêmica e provocou os ânimos daqueles que não estavam dispostos a renunciar ao paradigma do rei poderoso e conquistador de exércitos. Não estavam dispostos a trocar a imagem do rei poderoso, pelo rei humilde que tinha como trono o coração humano.

Hoje em dia a situação não é diferente. A proposta do reino interior continua aberta a todos, no entanto ela não é mais bem recebida do que foi há dois mil anos atrás quando Cristo veio ao mundo e nasceu numa manjedoura. No mundo atual, de conquistas, avanços científicos e tecnológicos, a humanidade acredita que através da educação, do diálogo e da reflexão o homem conseguirá a paz, a união e a perfeição. Numa época em que se acredita que o ser humano tem uma força interior e que através de seus próprios esforços pode conseguir o que quiser, que ele não necessita de Deus, ou, pelo menos, não precisa lhe suplicar nada, pois tem dentro de si uma força, uma energia interior, a mensagem do nascimento de Cristo vem quebrar todos esses paradigmas, mostrando aquilo de que a humanidade mais precisa: um novo nascimento. o qual jamais poderá ser obtido mediante o esforço pessoal, a educação, o diálogo e o treinamento. O novo nascimento implica renúncia, renunciar a esse paradigma de que o ser humano é capaz, de que tem uma força interior dentro de si, de que pode aperfeiçoar-se a si mesmo, buscando apenas despertar e fazer uso desse poder interior.

A proposta de um novo nascimento, algo que o homem não pode fazer por si mesmo, eis a mensagem diferente do Natal, e que vai de encontro aos paradigmas humanos. Pois, como disse o próprio Cristo: “É necessário nascer de novo” e “Sem mim nada podeis fazer”.

Para todos os que aceitam essa proposta de Jesus Cristo, tem início uma vida nova, uma vida plena e transcendente.